A Day in Life

Há muito que não me tentavam assaltar.

Desde o tempo do ensino básico talvez... a última vez que me lembro estava eu no 8º ou 9º ano... foi portanto há muito tempo. Depois disso, houve uma ou outra ameaça, mas fugia sempre, tal como fazia na escola (pratiquei atletismo 4 anos e havia que capitalizar esse investimento).

Esta 3ª, estava eu a jantar com um amigo num café-restaurante cujo nome se me varreu, quando recordei os "belos" tempos em que, na escola, convivia ao lado dos gatunos.
Com o casaco pendurado nas costas da cadeira (erro de principiante), senti a cadeira atrás de mim encostar à minha. Notei que o lado esquerdo do meu casaco abanava: virei-me para trás e o tipo, sul-americano e demasiado aparvalhado pouco mais esboçou que um olhar "demasiadamente estúpido" para incendiar em mim uma reacção mais violenta.
O meu amigo, de frente para mim, fervia em menos água e perguntou de imediato ao (potencial) gatuno se havia algum problema.
Mais uma vez, a reacção cingiu-se a um balbuciar imperceptível e aparvalhado.
Como confirmei que o telemóvel continuava no bolso, virei-me para a frente e pedi (ao meu amigo) para ter calma.
Ao chegar a cadeira para a frente, notei que o cabrão (gatuno começa a ser demasiado simpático, neste ponto da história para definir o gajo) chegava a cadeira dele para trás, de modo que continuava encostada à minha.
Incomodado, resolvi levar a mão ao outro bolso do casaco para confirmar que continuava lá a carteira, sem contudo acreditar numa possibilidade efectiva de assalto.

A minha carteira já estava na mão daquele filho da puta!

Dei uma palmada na mão dele, que fez cair ao chão a minha carteira e a dele! Levantei-me de imediato e só me lembro de dizer: "Então Caralho?!"
Sem reacção, o gajo não se levantou.
Fiquei de pé brevíssimos segundos a olhar para o tipo.
Lembro-me de olhar para o lado e ver o meu grande amigo já ao meu lado. Quando voltei a olhar para o ladrão, já este tinha encaixado 3 chapadas...
E não teriam sido só 3 se eu não tivesse afastado o meu (grande) amigo.

O resto pouco interessa... polícia, participação, o tipo saiu logo em liberdade, e lá me sucedeu um episódio que se diluirá na memória com a passagem do tempo.
Será recordado de cada vez que eu e o Jorge nos encontrarmos e recordarmos este episódio. A história irá sendo alterada de cada vez que for contada até que, daqui a uns anos, pouco restará da versão original de uma tentativa de assalto que ocorreu pelas 21:30 na Fontes Pereira de Melo no dia 14 de Junho de 2011.

Comentários

Ofélia Queirós disse…
ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha, que cómico!

Gosto da lúcidez com que admites que vao alterar a história.

Um beijinho
António V. Dias disse…
Pois... quem conta um conto acrescenta um ponto: é mesmo assim :)

Um beijinho

PS: estou em falta contigo (um certo e-mail que estava prometido)