O Síndrome da China

Após uma madrugada de insónia, resolvi levantar-me, a muito custo, ir até à sala e ligar a televisão. Àquela hora (ainda não eram 7:00), fui directamente para o canal Hollywood, e um filme que não via há (muitos) anos ia sensivelmente a 1/3.
Resolvi ficar a ver.
Embora seja um filme muito recordado, citado, etc…, não é um filme nem com grande crítica nem considerado muito bom. Pela parte que me toca, fiquei surpreendido por continuar a gostar a gostar tanto de O Síndrome da China (The China Syndrome, 1979).
Desde logo, pela qualidade do elenco: se há filmes que são autênticas masterclasses sobre o poder da representação, O Síndrome da China é um deles. Porque os papéis não têm que ser vistosos para serem exemplos supremos de representação: Jack Lemmon, Jane Fonda e Michael Douglas suportam uma história perigosamente verdadeira e actual (na altura como agora) sobre um acidente numa Central Nuclear nos Estados Unidos.
Michael Douglas, também produtor, teve um “tiro de sorte” (expressão irónica para tão perigoso acontecimento) aquando do lançamento do filme: semanas após a estreia havia ocorrido um acidente “real” numa central nuclear americana (The Three Mile Island accident).

Jane Fonda e Michael Douglas são Kimberly Wells e Richard Adams dois jornalistas televisivos que se encontravam presentes na Central Nuclear de Ventana, Califórnia, quando ocorreu um acidente que, de outro modo, ninguém nunca chegaria a saber. Jack Lemmon é Jack Godell, um dos supervisores, dividido entre a lealdade para com a entidade patronal (que pretende abafar o caso em prol do lucro e em detrimento da segurança de milhões de pessoas) e a sua consciência. Quando Jack decide investigar e dizer a verdade, tem início um jogo de interesses onde o mais importante, a vida humana, parece ser escandalosamente posto de parte.
Jane Fonda e Jack Lemmon estavam no auge das suas carreiras (ambos já com 2 óscares no “bolso), tendo sido nomeados por este filme.

Com um final dramático, o filme, com o desenlace chocante (para mim, pelo menos), permite abrir o debate (como aconteceu em 79 nos Estados Unidos) sobre o Nuclear (e em sentido mais lato, sobre o comportamento de Indústria para com a população), e voltarmo-nos a centrar na dimensão humana de uma tragédia e não apenas na questão científica ou económica.

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