Uma luz na escuridão

Como vem até mim a Lua...

É no silêncio da noite que a mente mais vagueia pelo que de mais íntimo me percorre o pensamento. A calma da escuridão invade-me no crepúsculo luminoso da fuga de uma Lua Cheia, para trás das nuvens, para o outro lado do mundo.

Sempre com a mesma face sorridente, ora escondida ora descoberta, a misteriosa companhia da Lua oferece a empatia, chamo-a de amiga e, num instante, tomo-a como a minha maior confidente.
Ela sabe tudo sobre mim porque é à noite, e apenas na sua presença, que o pensamento insiste em partir para o mundo interior da escuridão ponteada pelo brilho de estrelas passadas e pela brancura suave de um redondo perfeito.
Num regresso tardio a casa, espreito pela janela do carro e sinto todo o seu mistério comigo... acompanha-me, percorre comigo o trajecto, lado a lado. Num passeio nocturno, mostra-se na sua plenitude mal me vê, por cima do barulho insignificante desta existência. Ao deitar-me, é ela quem me entra pela janela do quarto, qual estrela de desejos (de um filme no longínquo ano de 1940) e me vê pela última vez com vida antes do início de um novo dia.

Uma amiga sem juízos, sem perguntas, sem condições, apenas a sua presença constante como revelação da Amizade.
Testemunha dos mais extremos sentimentos, do sorriso tardio de uma lembrança feliz ou da lágrima de uma dor não curada, todos os meus segredos deixam de o ser perante a sua ternura, do tamanho da luz que oferece à Terra.

Como vem até mim Lua... e não o mostra... quanta virtude...

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