A Cidade e a Serra

Num relance viajo até à serra...

Vejo-a difusa sob a grade imaginária
Do espelho reflector da Torre de Lisboa,
Prisão de uma gravata numa pequena área
Chama por mim até que a garganta doa.

Atravesso o espaço e o tempo
Caminho pelos trilhos do interior,
Tudo acontece neste preciso momento
Em que escrevo sentado ao computador.

De Palácio em Castelo e tudo mais
Imagem encantada intercepta o raciocínio,
O cálculo da TIR, do VAL e outros tais
Mal deduzidos após sonhado escrutínio.

Análises de Milhões, Euros e Megawatts
Filtro solar na folhagem verdejante,
Solto os números com as TIRs superiores aos WACCs
Ténis, mala, caminho... sou viajante.

Num binómio que me assalta a toda a hora
Vejo-me de mapa e bússola a caminhar,
Enquanto, à pressa, me faço ao caminho fora
Para chegar a tempo de continuar a calcular.

Imagino traçados, tempos, aventuras
Sabor a maresia, Poente alaranjado,
Abro os olhos: Megapixéis e tonturas!
Eis por que fica o trabalho encalacrado.

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