William Wyler voltou a transformar em ouro uma história simples, retratando em Os Melhores Anos das Nossas Vidas o regresso dos militares da II Guerra Mundial à vida civil, a sua dificil adaptação a uma América diferente daquela que eles tinham deixado.
O seu sentido de oportunidade e clareza da visão do momento histórico presente continua a ser um dos aspectos que mais me fascinam na sua realização. Menos centrado no conflito e na reacção ao dia-a-dia da guerra, este filme é mais um ensaio sociológico centrado na reintegração de 3 combatentes, e a sua entrada num quotidiano que há muito haviam esquecido.
Se Mrs. Miniver é um filme cuja história engloba uma maior variedade emocional (o drama do conflito, o rigor histórico, o drama familiar, a descrição da sociedade, o esforço de guerra, ...), Os Melhores Anos das Nossas Vidas, possui uma maior profundidade social, como retrato de um mundo em mudança, ainda que num registo mais light.
Harold Russel, galardoado pelo papel de Homer Parish com o óscar de Melhor Actor Secundário, havia perdido as mãos num treino de paraquedismo quando manuseava TNT, em 1944. Recebeu também um óscar honorário For Bringing Hope and Courage to his Fellow Veterans through his appearance in The Best Years of Our Lives. É o único actor a ter recebido 2 óscares pelo mesmo papel. A sua chegada a casa é muito semelhante à que Oliver Stone filmou em 1989, retratando o regresso de Ron Kovic ao seio familiar em Nascido a 4 de Julho.
Teresa Wright voltou a mostrar o brilho da sua capacidade artística, tal como havia feito 4 anos antes. De resto, as interpretações voltam a ser um dos pontos fortes do filme. William Wyler era um notável director de actores. Entrou no Panteão dos meus realizadores, ao lado de Elia Kazan, Billy Wilder, Steven Spielberg ou David Lean.
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