Enquanto muito amiude, poucos e breves momentos de normalidade me permitem respirar um pouco, vou forçando o caminho, aqui e ali, por voltar a usufruir daquilo que gosto, conseguir extrair algum prazer de algumas experiência que me parecem neste momento tão irrelevantes, mas anda há semanas eram um ponto de interesse na minha vida.
Ver um filme tornou-se numa experiência dificil. Já vários ficaram a meio.
Tornei-me de tal modo cuidadoso na escolha do tema, que praticamente deixei de os ver, seja por não me interessar, seja para não me lembrar.
Acabei de de ver Rabbit Hole e a melhor forma com que consigo descrever o filme é dizer que ele é muito interessante. Foi-me "pirateado" por um amigo. Não sei se já cá estriou... apenas sei que valeu u nomeação para o óscar para Nicole Kidman este ano.
O momento que atravessamos determina em grande medida o modo como experienciamos a realidade. Já reli livros que havia detestado num primeiro momento acabando depois por os adorar. Assim, a minha opinião sobre Rabbit Hole está totalmente toldada pela minha vida actual.
Não é um filme sobre um Amor, mas também o é. É uma filme triste contado de um modo tão adulto quanto sincero ("muito interessante"). Sem deixar resvalar a história para o cliché habitual, a reacção de um casal à perda de um filho é sentida sem entrelinhas, como é, com o vazio presente em cada objecto, em cada encontro, em cada palavra.
Nos momentos de maior sensibilidade, em que as emoções ameaçam explodir pelo coração perante cada pergunta, cada frase, cada imagem que se me depara, é comum estar mais atento aos detalhes que assimilo, identificar-me com sentimentos e situações que personagens que nada têm a ver comigo expeimentam.
Foi assim que o I'm sorry que acontece aos 73 minutos de filmes se me afigurou como uma das frases mais corajosas da história. Porque evita que a mesma entrasse na banalidade. Porque mostra como a coragem pode evitar a criação de uma situação dolorosa para compensar uma outra dor já existente. Não daria tanta atenção a este momento em condições normais, mas foi esta atitude que salvou a relação de um casal em luta por dar novamente um significado à vida.
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