Sidney Lumet faleceu anteontem.
Fez muitos filmes, embora quantidade nem sempre tenha sido sinónimo de qualidade. No entanto, fabricou verdadeiras obras-primas. Não foi consistente, mas teve o mérito de deixar a marca de génio, sobretudo em 3 filmes.
Aquele que é unanimemente considerado o seu melhor filme é 12 Homens em Fúria (12 Angry Man, 1957). Numa época em que os filmes de tribunal estavam na moda em Hollywood, reflectindo a luta pelos direitos humanos/religiosos que viriam a dominar a década de 60, 12 Homens em Fúria ganhou um lugar de destaque pela humanidade com que somos convidados a olhar um grupo de jurados e a evolução que os move na condenação/absolvição de um réu durante um julgamento. Um filme notável.
O Sargento Negro (Sergeant Rutledge, 1960) ou Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder, 1959) faziam parte desse "movimento", mas os meus preferidos serão sempre Na Sombra e no Silêncio (To Kill a Mockingbird, 1962), e O Vento será a tua Herança (Inherit the Wind, 1960)
Voltando a Lumet, arriscou por uma via mais "alucinada" a meio da década de 70, e foi bem sucedido.
Em 1975 realizou um dos filmes mais arrojados da década: Um dia de Cão (Dog Day Afternoon). Al Pacino resolve assaltar um banco para arranjar dinheiro para pagar a operação do seu namorado John Cazale. Era a revolução do cinema nos loucos anos 70. O filme passa-se inteiramente no balcão de um banco, e constitui um grande momento de cinema.
No ano seguinte, Sidney Lumet constrói um dos mais impressionantes retratos dos bastidores de uma estação de televisão. Escândalo na TV (Network, 1976) é o meu preferido dos 3. Foi o 2º (e último) filme a receber 3 óscares nas categorias de interpretação.
Quando Peter Finch, pivot do noticiário da noite, sofre um esgotamento nervoso em directo e anuncia ao país que se suicidará na TV daí a dias, colhe a simpatia da audiência e começa a mexer com toda a máquina televisiva que, sedenta de audiências, explora ao máximo a possibilidade de um furo da vida real nunca antes visto. Faye Dunaway tem uma das melhores interpretaçães femininas que já vi, uma verdadeira máquina profissional, sem ponta de sentimento. O lendário Paddy Chayefsky recebe o último óscar da sua carreira pelo alucinante argumento (na cerimónia dos óscares deste ano, o vencedor do óscar de Melhor Argumento Adaptado (A Rede Social) referiu o nome de Chayefsky como sendo uma honra ter recebido aquele mesmo prémio).
Uma nota para falar de um filme mais esquecido de Lumet, Fuga Sem Fim (Running on Empty, 1988). Uma oportunidade para ver o melhor trabalho de River Phoenix numa bela história.
Sidney Lumet nunca ganhou um óscar (os honorários não contam), mas deixou uma marca bem forte, mostrando como o Cinema pode, simultaneamente contar grandes histórias e possuir a excitação de quem arrisca fazer filmes "no fio da navalha".
Fez muitos filmes, embora quantidade nem sempre tenha sido sinónimo de qualidade. No entanto, fabricou verdadeiras obras-primas. Não foi consistente, mas teve o mérito de deixar a marca de génio, sobretudo em 3 filmes.
Aquele que é unanimemente considerado o seu melhor filme é 12 Homens em Fúria (12 Angry Man, 1957). Numa época em que os filmes de tribunal estavam na moda em Hollywood, reflectindo a luta pelos direitos humanos/religiosos que viriam a dominar a década de 60, 12 Homens em Fúria ganhou um lugar de destaque pela humanidade com que somos convidados a olhar um grupo de jurados e a evolução que os move na condenação/absolvição de um réu durante um julgamento. Um filme notável.
O Sargento Negro (Sergeant Rutledge, 1960) ou Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder, 1959) faziam parte desse "movimento", mas os meus preferidos serão sempre Na Sombra e no Silêncio (To Kill a Mockingbird, 1962), e O Vento será a tua Herança (Inherit the Wind, 1960)
Voltando a Lumet, arriscou por uma via mais "alucinada" a meio da década de 70, e foi bem sucedido.
Em 1975 realizou um dos filmes mais arrojados da década: Um dia de Cão (Dog Day Afternoon). Al Pacino resolve assaltar um banco para arranjar dinheiro para pagar a operação do seu namorado John Cazale. Era a revolução do cinema nos loucos anos 70. O filme passa-se inteiramente no balcão de um banco, e constitui um grande momento de cinema.
No ano seguinte, Sidney Lumet constrói um dos mais impressionantes retratos dos bastidores de uma estação de televisão. Escândalo na TV (Network, 1976) é o meu preferido dos 3. Foi o 2º (e último) filme a receber 3 óscares nas categorias de interpretação.
Quando Peter Finch, pivot do noticiário da noite, sofre um esgotamento nervoso em directo e anuncia ao país que se suicidará na TV daí a dias, colhe a simpatia da audiência e começa a mexer com toda a máquina televisiva que, sedenta de audiências, explora ao máximo a possibilidade de um furo da vida real nunca antes visto. Faye Dunaway tem uma das melhores interpretaçães femininas que já vi, uma verdadeira máquina profissional, sem ponta de sentimento. O lendário Paddy Chayefsky recebe o último óscar da sua carreira pelo alucinante argumento (na cerimónia dos óscares deste ano, o vencedor do óscar de Melhor Argumento Adaptado (A Rede Social) referiu o nome de Chayefsky como sendo uma honra ter recebido aquele mesmo prémio).
Uma nota para falar de um filme mais esquecido de Lumet, Fuga Sem Fim (Running on Empty, 1988). Uma oportunidade para ver o melhor trabalho de River Phoenix numa bela história.
Sidney Lumet nunca ganhou um óscar (os honorários não contam), mas deixou uma marca bem forte, mostrando como o Cinema pode, simultaneamente contar grandes histórias e possuir a excitação de quem arrisca fazer filmes "no fio da navalha".
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