I Let The Music Speak


Foram, e continuam a ser o meu grupo musical preferido.
Nunca lhes havia dedicado uma linha, estranhamente, e, como ultimamente os tenho redescoberto, a sua música tem ganho um novo significado. Ora umas, ora outras, as preferidas vão alternando e, no momento em que escrevo, a minha música preferida pode não ser a mesma do que aquela que ocupará esse lugar amanhã ou depois, quando for reler o post e descobrir como o poderia ter escrito de modo diferente.
Na música, porque entendo e conheço bem menos dela do que de cinema, consigo identificar um grupo preferido, uma música preferida, etc… e os ABBA são, desde que o meu pai me trouxe o álbum ABBA GOLD de Inglaterra, em 92, o meu grupo preferido (creio que a fita da cassete ficou estragada de tanto uso).
No trabalho, reduzi as músicas habitues a uma short list de 17 músicas, das quais há 11 que são, neste momento, o meu Best Of.

If It Wasn’t For The Nights teria sido o primeiro single extraído do álbum Voulez-Vous. Acabou por nunca chegar sequer a single. Cassandra é uma das grandes músicas de The Visitors, tal como One of Us. Thank You for The Music foi, em tempos, a número um, embora continue com uma melodia (não a letra) muito carregada de significado.

Este é também o motivo porque tenho gostado cada vez mais de Arrival. É das poucas músicas instrumentais dos ABBA, e, de cada vez que a oiço, imagino a zona das chegadas de um aeroporto, alguém solitário à espera de outro alguém que chegará num voo tardio. É porque a música é triste que o voo é tardio e alguém está só. O título sugere tudo o resto. A melodia “apenas” marca o ritmo da imaginação, numa cena tão real quanto a melodia ter algo a ver com o título Arrival.
Angeleyes é uma pérola. Musicalmente é perfeita, e é uma música cuja alegria da melodia contrasta com a melancolia da letra. É daquelas músicas que permite voar, pensar e não pensar, sorrir tristemente, lembrar e esquecer. Musicalmente é perfeita.
Duas menos conhecidas estão nesta lista reservada por mérito próprio. Não sei por que me marcaram mais do que outras bem mais populares, mas My Love, My Life e I Let The Music Speak têm sido especiais de modos bem diferentes. A introspecção de My Love, My Life é a minha cara “Like reflections from your mind. My Love, My Life...”, por oposição a I Let The Music Speak, cuja partição entre a tranquilidade e o showstopper é clara. O tom na transição entre ambos é mágico.
Lembro-me da minha avó ter entrado no meu quarto e ter dito que a música que eu estava a ouvir era “muito bonita”. Deveria ter uns 13 ou 14 anos. Havia acabado de comprar a cassete MORE ABBA GOLD com o dinheiro acumulado de um sem número de semanadas. Mal cheguei a casa fechei-me no quarto a ouvi-lo. Our Last Summer era a faixa número 9. Das que eu não conhecia, foi também aquela de que mais gostei. Fala de um romance vivido por Bjorn em Paris durante o Flower Power. É pura beleza: a melodia é fantástica, tal como o solo de guitarra.


Há duas que estão acima de todas as outras. São talvez as músicas mais tristes dos ABBA, tanto as melodias como as letras. Uma fala de como Bjorn (e, eventualmente Agnetha) perderam a infância da filha: foi ela (e a sua infância) a “personagem” que lhes escapou por entre os dedos. Slipping Through My Fingers é triste, e essa tristeza é suportada por uma letra tão sincera quanto a sensação que a música transmite (de novo um trecho de guitarra belíssimo, embora aqui esteja mais enquadrado na música – não fazia sentido inventar no meio desta melancolia).
The Winner Takes It All faz-me suster a respiração de cada vez que a oiço. A música, o piano (a par de Jealous Guy de John Lennon, é a melhor entrada de piano que conheço numa música pop), a expressão no olhar de Agnetha no video, a letra… tudo é uma tristeza bela nesta canção. A ruptura de Agnetha e Bjorn é o tema. É a descrição da dor da perda, da revolta, das suposições, dos medos, da derrota, do encarar a vida. Mas nem sempre The Winner Takes It All, ou por vezes, não tem que haver um Looser.

PS: Escrever sobre cada uma destas músicas estando a ouvi-la torna tão mais fácil a descodificação das sensações e impressões que me causaram... ao ouvi-las, posso reviver o significado de cada uma, e descrevê-lo.

Comentários

Charles disse…
Eu sou fa do Abba desde os 10 anos. Hoje tenho 16. Eu tenho o lp Abba 10 anos, o lp Abba grandes sucessos, o lp Abba Voules-Vouz e o compacto duplo Abba, de 1976. Entre minhas músicas preferidas estao: Eagle, One man one woman, When I kissed the teacher.
António V. Dias disse…
Boa! One Man One Woman é também uma das músicas de que mais gosto. E não há muitas bandas com tantas músicas boas em tão pouco tempo.

Um abraço
Charles disse…
Agora virei fã também de Slipping through my fingersn e esqueci de citar que tenho 3 dvd's deles. O dvd More abba goldn o dvd Thank you for the musicn o dvd Abba live tv vom mais de 40 músicasn uma fita k7 que eu gravei de um cd, e meu tio de Minas Gerais está me mandando os cd's The name of the game e 18 hits, de presente de aniversário. Para mim, a melhor banda de todos os tempos do pop rock! Abraços também e parabéns pelo gosto musical!
António V. Dias disse…
Bem, tens muito mais material do que eu!
O "Slipping Through My Fingers" é do último álbum dos Abba (The Visitors) e fala de como o Bjorn perdeu a infância da filha devido ao ritmo de vida que levava com os Abba (era ele quem escrevia a maioria das letras).

Um abraço
Charles disse…
Desulpe pelos n's no fim das palavras, é porque eu escrevi pelo celular e esqueci de acionar o botao que insere as vírgulas, sao vírgulas. Eu sempre pesquiso sobre o Abba, nunca me canso, pois é sempre bom a gente descobrir um pouco mais da nossa banda favorita.