Laços de Ternura


Laços de Ternura foi um dos primeiros filmes que me lembro de ter classificado como “o meu filme preferido”. Deixei-me disso entretanto, pois são tantos e tantos os filmes de que tenho gostado que só o facto de pensar em cada um deles os eleva a número um.
Vi este filme quando tinha uns 17 ou 18 anos. Lembro-me de que ouvi falar nele quando Jack Nicholson venceu o óscar de Melhor Actor Principal em Melhor é Impossível, e, na cerimónia (em 1998) fizeram referência aos prémios anteriores que ele havia ganho. E lá estava Laços de Ternura.
Gostei do título e fiquei desde logo “alerta para gostar do filme”. Como se a expectativa que eu tinha compensasse alguma falta de qualidade da obra. Se o filme não fosse tão bom quanto expectativa que o título causara em mim, eu defendê-lo-ia na mesma… era esta, pelo menos a minha convicção.

Passou na TV.
Gravei.
Vi-o
Chorei.

O filme acabou por se revelar tudo o que eu esperava dele. Acabou por se mostrar melhor. Muito melhor. Do mais profundo drama à mais subtil comédia, o filme é um retrato da vida. Tearjerker? Talvez. Seguramente. Mas que importa isso? É uma grande história, com um dos melhores conjuntos de interpretações de sempre (4 nomeações para os óscares – 2 para Melhor Actriz Principal e 2 para Melhor Actor Secundário resultaram em 2 prémios). E o argumento possui a sensibilidade com que me identifiquei de imediato (como ainda hoje, aliás).
É uma história de família. É um drama. Tem Amor e Amizade. Tem personagens… nenhuma é demasiado boa ou demasiado má. Cada uma tem o seu feitio, mas quando são postas à prova revelam a sua verdadeira natureza. É assim a vida. Sem heróis nem anti-heróis. Apenas a vida. Dramática como ela consegue ser. Esperançosa como o que dela conseguimos fazer.

O filme “soa” a telenovela, mas nem sempre o cinema deve ser uma fuga à realidade. Por vezes o objectivo é retratá-la. E podemos não gostar. Apesar de todas as críticas da altura, James L. Brooks conseguiu uma verdadeira mostra de Ternura.
Não deixou de ser o meu filme preferido por ter sido realocado em alguma escala hierárquica cinematográfica que eu tenha na cabeça. Simplesmente, deixei de acreditar neste sistema de classificação em que tenha que existir um melhor do que os outros todos. O que posso afirmar é que Laços de Ternura é (e será) um dos melhores filmes que vi.

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