Love stories


Laura Jesson e Alec Harvey, Francesca Johnson e Robert Kinkaid, Allie Hamilton e Noah Calhoun.
Ou deverei dizer: Celia Johnson e Trevor Howard, Meryl Streep e Clint Eastwood, Rachel McAdams e Ryan Goslin?
Os três pares de personagens/intérpretes referidos fazem parte dos três filmes românticos mais belos que vi. São eles: Breve Encontro (1945), As Pontes de Madison County (1995) e O Diário da Nossa Paixão (2004).

David Lean estava em início de carreira quando realizou Breve Encontro, uma peça do seu mentor (e dramaturgo) (Sir) Noel Coward. Mais tarde, Lean especializar-se-ia nos blockbusters que o celebrizaram, mas enquanto ainda não atraíra recursos para tal, teve que começar por histórias mais intimistas, onde o (único) foco estava nos sentimentos das suas personagens.
O enredo de Breve Encontro conta-se em meia-dúzia de palavras: Dois estranhos conhecem-se numa estação de comboios em Inglaterra. Estamos nos anos 40, e a época é relevante apenas no que respeita aos imperativos morais que os guiam. Apaixonam-se. Ambos são casados.
Além de As Pontes de Madison County, nunca vi outro filme filmado com tanta sensibilidade, com tanto sentido do conflito entre o que se quer fazer e o que (aparentemente) deve ser feito.
Nunca o apito de um comboio (e o Concerto n2 para piano de Rachmaninov) soou de forma tão dramática como quando marcava o tempo dos encontros entre Laura e Alec… a brutalidade com que eram arrancados um ao outro ecoa na memória de quem foi marcado (ou pelo menos não foi indiferente) por este filme.

As Pontes de Madison County é como que uma versão moderna de Breve Encontro (curiosamente Meryl Streep participou, com Robert de Niro em 1984, no remake de Breve Encontro, Encontro com o Amor).
A história (novamente) de um amor proibido (desta vez na década de 60) é retratada pela genialidade de Clint Eastwood: um fotógrafo do National Geographic desloca-se até ao Iowa para fotografar as pontes cobertas de Madison County. Aí conhece Francesca, uma dona de casa desiludida com a vida…
Nunca li o livro e houve uma altura em tal me apeteceu. Hoje já não. Porque já não consigo dissociar Robert e Francesca de Clint Eastwood e Meryl Streep. Porque já não consigo imaginar outro cenário, outras cenas, outro detalhe que não os que vi.
Se existisse perfeição, ela estaria presente em muitos aspectos de As Pontes de Madison County.

O Diário da Nossa Paixão foi o único livro que li três vezes (lê-se em dois dias, diga-se!). Mais uma vez, a história de um amor (semi)proibido, Nicholas Sparks conseguiu criar um melodrama clássico vestido com a roupagem da linguagem actual.
A história passa-se noutra época… a mesma de Breve Encontro, mas numa região sulista dos Estados Unidos, Carolina do Norte (onde mais poderia ser?).
Quando vi o filme pela primeira vez, estava desconfiado (creio que já havia lido o livro duas vezes), mas a “segura humildade” com que foi feito foi um dos seus grandes trunfos. É uma história muito bem contada, muito bem filmada, com um elenco de luxo (em ambas as gerações)… e com uma banda sonora magistral (e esquecida também).

As histórias de amor no cinema têm sido um género comum.
Inclusivamente, as boas histórias de amor, com intensidade dramática e uma sensível sinceridade, têm proliferado.
Mas por vezes, umas fazem a diferença. No meu caso foram (até hoje) estas três.

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