As Serviçais (The Help!, 2011), foi um filme que ontem me surpreendeu.
Tinha visto a crítica, muito boa, e havia criado algumas expectativas. E como me pareceu um filme ligeiro (trágico-comédia), achei adequado para um sábado à noite.
Quando começou, senti-me desconfortável nos primeiros 30 minutos: achei que o filme “não arrancava” e custou-me entrar na história… é daqueles filmes que, se o estivesse a ver em casa, ao fim de 20 minutos teria desligado. Contudo, assim que o “filme agarra a história”, embrenhei-me no enredo, tão real e enternecedor, que nem o intervalo me cortou o interesse.
O racismo, a guerra dos sexos (todas as personagens relevantes desta história são mulheres) os estereótipos, os anos 60, são pontos abordados na história. E quando o filme parece entrar na toada lamechas do costume nestes temas de direitos humanos/familiares, consegue dar a volta e surpreender, embora não em demasia, e por isso, respeita o espírito do tema.
Ah, e um detalhe: o filme não exactamente "ligeiro": é um drama. Pontuado com momentos de humor, mas é, sobretudo um drama.
Tirando a duração que é, sem dúvida 30 minutos maior do que devia, a história está contada de um modo muito seguro.
Mas o que mais retive deste filme foram as interpretações: excelentes.
As veteranas, secundaríssimas e excelentes Sissy Spacec e Mary Steenburgen cumprem com aquilo a que se propõem com a confiança de quem já tem muitos anos disto.
Mas é em Viola Davis, Octavia Spencer e Jessica Chastain que encontro o melhor que este filme possui. As duas primeiras, criadas negras de famílias brancas, são geniais (Viola Davis já havia mostrado serviço em Dúvida (Doubt, 2009)). Jessica Chastain confirmou o que se suspeitava: nasceu uma estrela! E é já umas das minhas actrizes preferidas da actualidade. De uma beleza rara e não muito popular, possui uma qualidade de trabalho superior. O papel de Celia Foote mostra que não se cinge à personificação contemplativa que o papel em A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) lhe exigia. A pin up a que dá vida é a prova de que consegue vestir a pele de seres tão diferentes mas que possuem uma característica comum: são genuinamente boas. Gostava de a ver representar uma vilã…
Bryce Dallas Howard e Emma Stone completam o grupo de ouro no que toca às representações. Não me admirava que viessem daqui algumas nomeações nas categorias de interpretação (principalmente secundárias).
As Serviçais é um filme que vale a pena, por tudo isto, e porque consegue transmitir uma visão da realidade (uma realidade que não vivi), de um ponto de vista diferente, de quem mais sofreu o efeito da segregação racial nos Estados Unidos no início da década de 60.
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