Globos de Ouro - Parte I

Falar (bem) dos Globos de Ouro depois de ter dito mal dos prémios até podia causar-me algum problema de consciência, mas não causa: aqueles prémios não valem o prestigio que alguns lhe atribuem. O facto de poder existir um ano em que acertem reflecte apenas o ditado “A excepção confirma a regra”.
Não que eu possa dizer que este ano tenham acertado: não vi (ainda) alguns dos principais filmes premiados para poder emitir um juízo, mas concordei com quase todos os prémios atribuídos aos filmes que vi.
Falta-me ver somente, os dois filmes premiados como melhor filme e as quatro interpretações principais. Vi o melhor filme em língua estrangeira, melhor argumento e interpretações secundárias.

Em As Serviçais (The Help!), embora Octavia Spencer tenha merecido o prémio, Jessica Chastain ainda o merecia mais (estava nomeada na mesma categoria no mesmo filme). Foi o seu ano de consagração e a sua interpretação é brilhante (embora menos presente, absorvia as cenas em que participava). O filme ajuda ao aliar a um conjunto notável de interpretações (3 nomeadas), uma história séria e, simultaneamente comercial.
Christopher Plummer foi o premiado mais esperado. Viu finalmente, aos 82 anos, o seu talento reconhecido com um prémio vistoso (depois de 2 Emmys). Assim é o Amor (Beginners) é um dos grandes filmes de 2011. Quando o vi, não me causou logo grande impressão, mas com o tempo, a imagem que fui formando dele foi melhorando. Quanto à interpretação de Plummer, era logo visível que seria premiável (a quantidade de prémios e nomeações que já obteve comprovam-no). O papel de uma “excentricidade contida” de um homem que, depois de velho e às portas da morte decide assumir a sua homossexualidade e o modo como tal muda a sua relação com o filho é o motor de um filme onde os intérpretes principais (Ewan McGregor e Mélanie Laurent) são secundarizados por este brilhante secundário.
Uma Separação (Jodaeiye Nader az Simin) é um filme brilhante em todos os sentidos: um dos melhores do ano (até agora, dos que vi, apenas superado por A Árvore da Vida (The Tree of Life)) e ter ganho como melhor filme estrangeiro só estaria em dúvida por motivos políticos (o filme é iraniano). Mas como os Globos são entregues pela imprensa estrangeira em Hollywood, pelo menos neste ponto são mais independentes do que os Óscares (entregues pelos membros da Academia e logo, da indústria cinematográfica).
Por fim, a minha única discordância: argumento para Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris). Lá resolveram dar uma alegria ao velhinho e entregar-lhe mais um prémio: há uns tempos que não recebia nenhum e então: toca de picar o ponto. O filme é divertido, mas com argumentos tão mais ricos, só mesmo por terem querido diversificar os prémios (deve ter sido o ano em que os prémios principais foram mais distribuídos). É um filme Light, à Woody Allen, mas não muito melhor nem muito pior do que tantos outros.

Dos premiados que não vi, não vou falar. Apenas referir que Meryl Streep soma e segue: às 16 (!) nomeações para os Óscares (com apenas 2 vitórias), soma agora o 8º Globo de Ouro (em 26 possíveis). É, sem dúvida, a melhor actriz de todos os tempos.

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