A opinião que fui formando sobre a qualidade dos filmes estreados em 2011 foi mudando gradualmente: depois de, numa fase inicial, ter visto dois ou três filmes de grande qualidade, assumi que, se os restantes fossem de qualidade razoável, o ano seria excelente.
Com o tempo, alguns filmes sobre os quais tinha alguma expectativa saíram piores do que eu supunha. Foram os casos de Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris) ou As Serviçais (The Help!), por exemplo. Embora nenhum seja um mau filme, para as opiniões que eu havia lido/ouvido, esperava mais.
Este fim-de-semana, a minha opinião foi reposta: os dois filmes que vi foram, por motivos completamente diferentes (os próprios filmes nada têm a ver um com o outro), duas agradáveis surpresas.
Com o tempo, alguns filmes sobre os quais tinha alguma expectativa saíram piores do que eu supunha. Foram os casos de Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris) ou As Serviçais (The Help!), por exemplo. Embora nenhum seja um mau filme, para as opiniões que eu havia lido/ouvido, esperava mais.
Este fim-de-semana, a minha opinião foi reposta: os dois filmes que vi foram, por motivos completamente diferentes (os próprios filmes nada têm a ver um com o outro), duas agradáveis surpresas.
O Artista (The Artist) é um bom Artista… é na realidade um grande Artista. Jean Dujardin preenche a tela com uma panóplia de expressões tal que nos relembra a definição de Actor. Porque ser actor é isso mesmo: é a expressividade, é a linguagem corporal trabalhada de forma exemplar que faz parecer fácil o que é difícil.
A história é uma bela homenagem ao cinema mudo, ao preto-e-branco, ao início do som, a uma época de grandes transformações e à capacidade de adaptação à mudança. É também uma bela história de amizade e das múltiplas formas em que ela se pode manifestar (na lealdade do cão, na dedicação do motorista, na sobriedade de Peppy Miller, …).
Como um argumento consegue ser fantástico sem diálogos!
É um filme não apenas para amantes de cinema, embora estes consigam vislumbrar algo mais (um pouco como acontece com Ed Wood (Ed Wood, 1994), por exemplo)… um certo revivalismo. Mas O Artista não se esgota neste revivalismo.
Em O Artista, os “adereços” são também eles personagens importantes, ou não fosse um filme também sobre cinema. De todos, a eleger um terá que ser a Banda Sonora. A sua importância é imensa, já que é ela uma valiosa auxiliar como contadora da história. É ela quem acompanha o percurso dos personagens, quem reflecte os seus estados de espírito, quem potencia a tristeza ou a alegria que se vive naquele mundo a preto-e-branco, e, muito mais do que o som, ajuda a dar cor a uma história em que tudo encaixa bem no lugar a que pertence.
Destacar as três ou quatro (curtas) cenas que retive sem estragar o filme (para quem não viu) requer que seja parco em palavras, mas a primeira cena passada no camarim, quando Peppy Miller sonha vir a ser uma estrela de cinema, os vários takes em que ambos ensaiam os passos de dança, o desespero de George Valentin depois de cair em desgraça e o sonho que projecta na montra de uma loja que tem um fato em exposição, ou o arrepiante “Bang!”, um dos clímaxes da história, conferem à realização o mérito que lhe deve ser reconhecido.
Ver este filme é uma experiência fantástica.
A história é uma bela homenagem ao cinema mudo, ao preto-e-branco, ao início do som, a uma época de grandes transformações e à capacidade de adaptação à mudança. É também uma bela história de amizade e das múltiplas formas em que ela se pode manifestar (na lealdade do cão, na dedicação do motorista, na sobriedade de Peppy Miller, …).
Como um argumento consegue ser fantástico sem diálogos!
É um filme não apenas para amantes de cinema, embora estes consigam vislumbrar algo mais (um pouco como acontece com Ed Wood (Ed Wood, 1994), por exemplo)… um certo revivalismo. Mas O Artista não se esgota neste revivalismo.
Em O Artista, os “adereços” são também eles personagens importantes, ou não fosse um filme também sobre cinema. De todos, a eleger um terá que ser a Banda Sonora. A sua importância é imensa, já que é ela uma valiosa auxiliar como contadora da história. É ela quem acompanha o percurso dos personagens, quem reflecte os seus estados de espírito, quem potencia a tristeza ou a alegria que se vive naquele mundo a preto-e-branco, e, muito mais do que o som, ajuda a dar cor a uma história em que tudo encaixa bem no lugar a que pertence.
Destacar as três ou quatro (curtas) cenas que retive sem estragar o filme (para quem não viu) requer que seja parco em palavras, mas a primeira cena passada no camarim, quando Peppy Miller sonha vir a ser uma estrela de cinema, os vários takes em que ambos ensaiam os passos de dança, o desespero de George Valentin depois de cair em desgraça e o sonho que projecta na montra de uma loja que tem um fato em exposição, ou o arrepiante “Bang!”, um dos clímaxes da história, conferem à realização o mérito que lhe deve ser reconhecido.
Ver este filme é uma experiência fantástica.
Os Descendentes (The Descendants) é o filme que eu queria ver e depois não queria. Tinha um pré-conceito favorável, baseado em nada mais do que o trailer que havia visto (achei George Clooney com ar de pai, algo que me deixou curioso).
À medida que alguns amigos foram vendo o filme e as suas opiniões me foram sendo transmitidas, foi baixando a minha expectativa: quase todas iam no mesmo sentido: história light, “filme de sábado à tarde” (eu vi-o no domingo à tarde), podia ser feita com quaisquer outros actores, etc… apenas um amigo meu havia gostado.
Não sei se por ter baixado em demasia a fasquia, adorei o filme.
Para além da história estar muitíssimo bem contada, a interpretações são brilhantes: para além de George Clooney, Shailene Woodley, a filha mais velha, é genial (não tendo sido nomeada…).
Não achei a história nada light, bem pelo contrário: penso que aborda um problema devastador (ou dois problemas, um dentro do outro) de um modo sério, adulto até, pincelado com momentos de humor que, embora aligeirem o estado de espírito do espectador, não retiram qualquer carga dramática à história.
Não gostei muito de Sideways (Sideways, 2004), o filme anterior mais conhecido de Alexander Payne, achando esse sim, demasiado light, tendo alcançado um reconhecimento que, a meu ver, não merecia.
Os Descendentes corrige essa lacuna e é, na minha opinião, um filme muito bom.
Light, só o facto da acção se passar no Hawaii…
Ainda não vi A Invenção de Hugo (Hugo), o único filme nomeado que quero ver dos quatro que ainda me faltam, mas para já, e descontado A Árvore da Vida (claramente acima de qualquer outro filme este ano, mas mais claramente ainda um filme que não caiu nas graças da Indústria – embora tenha coleccionado prémios em festivais por todo o mundo), qualquer um destes dois poderá ser um merecido vencedor nos Óscares. Gostei mais de O Artista, mas ambos são dignos representantes do que é o Cinema e daquilo a que esta arte se propõe: entretenimento com qualidade.
À medida que alguns amigos foram vendo o filme e as suas opiniões me foram sendo transmitidas, foi baixando a minha expectativa: quase todas iam no mesmo sentido: história light, “filme de sábado à tarde” (eu vi-o no domingo à tarde), podia ser feita com quaisquer outros actores, etc… apenas um amigo meu havia gostado.
Não sei se por ter baixado em demasia a fasquia, adorei o filme.
Para além da história estar muitíssimo bem contada, a interpretações são brilhantes: para além de George Clooney, Shailene Woodley, a filha mais velha, é genial (não tendo sido nomeada…).
Não achei a história nada light, bem pelo contrário: penso que aborda um problema devastador (ou dois problemas, um dentro do outro) de um modo sério, adulto até, pincelado com momentos de humor que, embora aligeirem o estado de espírito do espectador, não retiram qualquer carga dramática à história.
Não gostei muito de Sideways (Sideways, 2004), o filme anterior mais conhecido de Alexander Payne, achando esse sim, demasiado light, tendo alcançado um reconhecimento que, a meu ver, não merecia.
Os Descendentes corrige essa lacuna e é, na minha opinião, um filme muito bom.
Light, só o facto da acção se passar no Hawaii…
Ainda não vi A Invenção de Hugo (Hugo), o único filme nomeado que quero ver dos quatro que ainda me faltam, mas para já, e descontado A Árvore da Vida (claramente acima de qualquer outro filme este ano, mas mais claramente ainda um filme que não caiu nas graças da Indústria – embora tenha coleccionado prémios em festivais por todo o mundo), qualquer um destes dois poderá ser um merecido vencedor nos Óscares. Gostei mais de O Artista, mas ambos são dignos representantes do que é o Cinema e daquilo a que esta arte se propõe: entretenimento com qualidade.
Comentários