A natureza da amizade é uma coisa curiosa: tive no sábado passado duas provas de como a amizade pode ultrapassar distâncias e fazer parecer que foi ontem que falámos quando, em qualquer dos casos, nos separavam meses de uma conversa “a sério”.
Depois de 4 horas de skype com o Chico (em Boston há uns anos), jantei com a Sónia e com o David (de momento em Toledo, mas em breve em Moçambique).
Sempre tive dificuldade em medir a amizade: quando falamos em amigos verdadeiros, pressupomos que existem os outros, que não são verdadeiros. Mas se não há verdade na amizade, então não há amizade. Assim, há amigos apenas, porque um amigo, pressupõe-se verdadeiro.
O mesmo se passa com um “bom amigo”. Um amigo que mereça esse estatuto na hierarquia de relacionamentos, tem que ser bom.
Mas sabemos que há amigos que são diferentes de outros, amigos que sentimos necessidade de realçar dentro de um conjunto de pessoas com quem nos relacionamos que, abusivamente ou não, também chamamos de amigos.
Não sei se será por gostarmos mais deles, por nos identificarmos mais com eles, por estarem ou por os procurarmos quando precisamos. Pode ser por tudo isto ou por outra qualquer razão. Para mim, o sinal mais simples na classificação de um amigo tem a ver com o modo como nos sentimos na sua presença: um amigo é alguém junto de quem nos sentimos bem. Mil e um motivos podem estar por trás desta satisfação pela presença do outro: uma boa conversa, sentido de humor, identificação, apoio, etc… mas eu arriscaria dizer que, se há alguém junto de quem nos sentimos “naturalmente” bem, então esse alguém arrisca-se seriamente a ser nosso amigo.
PS: Além de tudo isto, destas duas conversas, ainda fiquei com 2 filmes para ver: A Rua do Adeus (84 Charing Cross Road, 1987), que já vi, e Le Havre (Le Havre, 2011), que hei-de ver em breve. A visualização de cada um destes filmes é o prolongamento de cada uma destas conversas e um “pequeno” reforçar de cada amizade.
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Grande abraço