Alfred Hitchcock




Falar em apenas um filme deste mestre do suspense é quase criminoso, tal como o é não o incluir na lista dos melhores realizadores de sempre, algo que muitas vezes acontece.
O género suspense é muitas vezes relegado para 2º plano quando se classificam os filmes. Normalmente os Dramas e o Cinema Bélico/Épico são mais “apetecíveis”, pela indústria, pela crítica, e em certa medida, também pelo público. Vejam-se as listas dos filmes de sempre de qualquer associação de críticos ou a lista dos vencedores do óscar de melhor filme.
O Silêncio dos Inocentes (The Silence of The Lambs, 1991) é a excepção que confirma a regra, mas foi necessário um thriller ser muito melhor do que a média para ser reconhecido (foi um dos 3 filmes da história do Cinema a vencer os 5 prémios principais).
Contudo, pela qualidade mas também pela quantidade de obras de enorme qualidade, Alfred Hichcock é, claramente um dos melhores de sempre: dos primórdios do cinema sonoro até à maturidade da década de 60, o seu trabalho atravessou toda a época de ouro do cinema… ele ajudou a construir essa mesma época, do modo como hoje a vemos.

Hitchcock nunca venceu um óscar (foi nomeado 5 vezes e ganhou um prémio de carreira) mas, para além de ter produzido das mais belas obras de sempre, trabalhou por diversas vezes com as maiores estrelas de Hollywood: Gregory Peck, James Stewart e Cary Grant do lado masculino e Ingrid Bergman, Joan Fontaine e Grace Kelly do lado feminino contam-se entre os seus colaboradores mais regulares e prestigiados.
Fazer uma lista dos seus melhores filmes torna-se fastidioso, tal o número e qualidade dos mesmos, mas ainda assim, falar sobra a obra deste mestre do suspense sem referir nenhum título é um vazio. Para além dos óbvios e famosíssimos Os 39 Degraus (The 39 Steps, 1936), Receca (Rebecca, 1940), O Desconhecido do Norte-Expresso (Strangers On A Train, 1951), Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), A Mulher Que Viveu Duas Vezes (Vertigo, 1958) e Psycho (Psycho, 1960), há outros mais ou menos famosos que, não sendo de primeiríssima linha na obra de Hitchcock, são filmes que não envergonham ninguém e que muitos realizadores desejariam ter no currículo.
Pela parte que me toca, não faço distinção: os que referi e os que mencionarei a seguir fazem todos parte de um mesmo conjunto em que o meu preferido varia à medida que os vou vendo: O Homem Que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, 1934 e 1956), Correspondente de Guerra (Foreign Correspondent, 1940), Mentira! (Shadow of a Doubt, 1943), um dos meus preferidos, A Casa Encantada (Spellbound, 1945) e Difamação (Notorious, 1946) são outros dos grandes filmes que vi.

É, provavelmente, um dos realizadores mais prolíficos de sempre, para além do seu cinema ser de indiscutível qualidade e de ter iniciado um estilo, uma marca… a cena do duche em Psycho é estudada nas escolas de cinema em todo o mundo por mil e uma razões, uma das quais o facto de, durante toda a cena (que demorou uma semana a ser filmada), nem o assassino nem a faca tocam uma única vez em Janet Leigh, tal o número de planos utilizado por Hitchcock para conferir uma falsa sensação de movimento quando, na realidade, ele foi diminuto.

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