Paradise Lost 2: Revelations


O que eu pensava ser apenas o extremismo religioso bacoco americano é mesmo loucura: Paradise Lost 2: Revelations (2000) mostra a tentativa de Demian Echols, um dos três jovens condenados, de obter um novo julgamento.
A dedicação a Deus de um dos personagens reais desta história é apenas uma faceta de uma patologia clara e multifacetada que vem de abusos na infância, sucessivos episódios de violência, medicamentos do foro neuro-psiquiátrico e problemas com a justiça: falo do padrasto de uma das vítimas após ter visto este segundo filme e, neste momento, muito mais do que os três jovens que estão na prisão, acredito muito mais ser este o assassino do que qualquer um dos três.
A paranóia anti-seita que comandou o primeiro julgamento, onde tentaram colar este brutal assassinato a um culto de uma seita wicca pelo facto de Echols pertencer a este movimento (até o fazer uma tatuagem foi apontado como um sinal de culpabilidade!).

Este filme enrola um pouco centrando-se mais quer nas pessoas envolventes ao caso, sobretudo o fanfarrão Mark Byers, um ser tão disfuncional quanto obcecado pelos cinco minutos de fama que as luzes da ribalta lhe conferem.
Não tendo sido permitido aos realizadores filmar as audiências desta vez, a opção teve que ser pelo que envolvia os principais actores desta história. A polémica causada pelo primeiro filme fez com que, não apenas não fosse permitido a captação de imagens desta vez, como surgisse um movimento de libertação dos West Memphis Three, após as enormes fragilidades do primeiro julgamento terem sido expostas quase ao ridículo no primeiro filme (é o perigo dos jurados: deixar que as emoções condenem alguém com base em indícios que abusivamente alguém chamou de prova).
Menos emotivo pelo facto da câmara ter sido impedida de estar próxima das novas vítimas desta história, os prisioneiros, esta segunda parte não deixa de ser um documento importantíssimo na investigação em busca da verdade que a polícia e o estado deveriam ter efectuado com lisura mas fizeram-no com displicência e uma total insensibilidade e desrespeito por seres humanos, que viram as suas vidas devassadas e destruídas de um momento para o outro.

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