Paradise Lost 3: Purgatory


Após mais de seis hora e meia de filme e informação sobre o caso que foi ficando conhecido como West Memphis 3, finalmente os três estão em liberdade.
Em 1994, Damien Echols, Jason Baldwin and Jessie Misskelley Jr., com idades entre os 16 e os 19 anos, foram condenados (Echols à morte; Baldwin e Misskelley a prisão perpétua) pelo assassinato e mutilação de Michael Moore, Christopher Byers e Stevie Branch, todos com oito anos, em Robin Hood Hills, West Memphis, Arkansas.

Este terceiro filme mostrou-me várias coisas: eu próprio havia condenado com base em comportamentos superficiais (bem como metade – no mínimo – das pessoas que viram os filmes). Cometi o mesmo erro que o sistema: este terceiro capítulo acompanha a alegação dos advogados de defesa, do direito a um novo julgamento baseado em provas de DNA que não foram consideradas no julgamento inicial.
Outro aspecto que este filme me revelou foi o facto do sistema justiça (neste caso o americano, mas o mesmo se poderá aplicar em qualquer país democrático) é feito por pessoas: e, pura e simplesmente, não conseguem colocar de parte os seus preconceitos e isto vai desde o chefe da polícia encarregue da investigação que se recusa a falar sobre o caso com medo de dar o “direito” aos condenados a um novo julgamento, ao juiz que se recusa a conceder novo julgamento, mesmo após saber que o DNA encontrado no local não correspondia a nenhum dos três condenados. E a insistência, mais do que casmurra, a roçar mesmo a irracionalidade (ou talvez a má-fé) nas suas teses iniciais, para não terem que admitir publicamente que erraram, são a prova de que nunca deveriam representar uma profissão relacionada com o exercício da justiça.
Um terceiro aspecto tem a ver com o facto do comportamento aparentemente normal em famílias carenciadas: os padrastos, preconceituosamente ou não, preenchiam os pré-requisitos para possíveis suspeitos: violentos, batiam nos enteados, nas mulheres, alvejaram familiares em discussões, envolviam-se em confusões, … provavelmente o retrato de um meio rural e de um certo nível social – a violência que praticam é pouco sofisticada.
Por último, o sistema de justiça norte-americano foi exposto em toda a sua perversidade: os três (agora) adultos tiveram que alegar a sua culpabilidade para terem o direito de poderem continuar a defender-se em liberdade! Foi neste ponto que o filme terminou.

Assim, a minha curiosidade para ver A Oeste de Memphis (West of Memphis, 2012), agora no cinema, aumentou e muito. Embora não fazendo parte da “série oficial” dos documentários realizados por Joe Berlinger e Bruce Sinofsky para a HBO, provavelmente trará, espero, um desfecho mais definitivo sobre a decisão judicial de finalmente libertar três inocentes.

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