A curiosidade e a boa impressão causada pelo romance A Culpa é das Estrelas, de John Green, levou-me ao seu primeiro livro, À Procura de Alaska.
É melhor do que o primeiro que li.
Uma história menos trabalhada mas uma escrita e um modo de tratar um dos grandes mistérios da existência, a morte muito mais ingénuo… honesto quase. Assim, é um livro mais próximo do leitor, pela voz terna e sofrida do jovem Miles Halter e da sua busca da “Grande Incógnita”. Com um conjunto de jovens personagens fantásticas como Chip Martin, Alaska Young, Takumi Hikohito e Lara Buterskaya, À Procura de Alaska revisita o tema do mistério da vida (ou melhor, A Culpa é das Estrelas é que revisita o tema uma vez que foi escrito depois), da morte, de como encarar a morte, aceitar a inevitabilidade da realidade e encontrarmos a melhor forma de nos “deslocarmos no labirinto”.
John Green é um escritor falsamente light: porque escreve sobre jovens e para jovens, e porque deixa os temas a meio da análise, com mais perguntas do que respostas… mas no contexto em que escreve, creio ser isso mais um mérito do que uma lacuna. Green escreve as suas impressões sobre o que ninguém sabe ao certo, o seu existencialismo, religiosidade e forma de olhar a realidade é isso mesmo: a sua, a não querer afunilar demasiado a sua visão no que escreve para dar espaço aos seus leitores para pensarem um pouco sobre o assunto mostra inteligência e humildade.
É um livro que desperta a mente, que nos faz questionar, que é triste e que traz uma mensagem positiva. Porque na vida temos que conviver com a tristeza e descobrir o que fazemos com ela para continuarmos a viver sem permanecermos aprisionados por ela para sempre. É esse o tema deste livro.
E, ao mesmo tempo que John Green consegue tratar de todas estas questões filosófico-existenciais, suporta brilhantemente estas divagações numa história bem estruturada tanto na forma (a estrutura do livro e o modo como a história é contada é brilhante) como no conteúdo (a descoberta na adolescência o desenvolvimento dos personagens, o meio escolar em que tudo acontece…).
Um livro que se lê com uma enorme leveza e que no final, nos deixa a impressão de termos lido um peso-pesado.
Fiquei a processar as últimas palavras, a pensar no destino dos personagens, nas respostas por responder… nem sempre as perguntas mais óbvias são as que carecem de resposta.
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