Les Diaboliques


"Ne soyez pás diaboliques!
Ne détruisez pas l’intéret que pourraient prendre vos amis à ce film.
Ne leur racontez pas ce que vous avez vu.
Merci pour eux."

O aviso no final do filme dificulta a tarefa a quem quer dizer algo sobre ele… como eu.
As Diabólicas (Les Diaboliques, 1955) foi feito numa época em que o film noir estava já em vias de extinção. Curiosamente, embora o temo seja francês, foi o cinema americano quem deu vida a um género que é visto à distância de hoje pelos amantes de cinema como um dos mais queridos e que ajudou a construir a idade de ouro do cinema.
Feito após Rebeca (Rebecca, 1940) e antes de Psico (Psycho, 1960), por motivos diferentes, As Diabólicas lembrou-me ambos: é um dos melhores filmes de suspense que vi, cuja tensão avança em crescendo, num exercício perfeito de execução de um filme.

A história improvável de um crime conjunto planeado pela mulher e pela amante de um director de um colégio traz consequências surpreendentes. Dizer mais do que isto é estragar a história.
O final do filme trouxe o aviso, mas não o alívio: só minutos depois do fim oficial é que o filme “começou a terminar”… lentamente… o nó na garganta a teimar não desaparecer.
Henri-Georges Clouzot mostrou ser um génio (nunca havia visto nada dele), e As Diabólicas foi o primeiro filme em que gostei de ver Simone Signoret.
É curioso notar que, ao ver estes filmes, constato que muito pouco há por inventar: nas primeiras décadas do cinema (até à década de 60, talvez), foi quase tudo descoberto (ou inventado). Este filme fica muito à frente de quase tudo o que se fez antes ou depois dele no género. A capacidade que tem para nos fazer suster a respiração está ao alcance de poucos, pelo facto de não ser gratuito: tem conteúdo e de que maneira! Não são meia-dúzia de planos às escuras com uns gritos repentinos com uma banda sonora cortante ao estilo de Psycho para fazer as vezes do susto que o enredo não conseguiu. Um filme a sério envolve-nos por si mesmo e As Diabólicas é o exemplo perfeito.

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