Efter brylluppet


Mads Mikkelsen dirigido por Susanne Bier.
Dois nomes do cinema dinamarquês que vi pela primeira vez juntos em Efter brylluppet (2006). E é uma história muito bem estruturada, onde as interpretações e o fio da narrativa são um ponto em comum com o outro filme de Bier que vi há dois ou três anos no Monumental: Num Mundo Melhor (Hævnen, 2010).
Na altura, embora tenha gostado do filme, fiquei um pouco desapontado por esperar melhor: o Óscar de melhor filme em 2010 fez elevar a expectativa, mas Num Mundo Melhor não estava à altura do seu antecessor, O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, 2009). O que mais me desiludiu na altura foi mesmo o excesso de cruzamento narrativo, onde as histórias entrelaçadas nem sempre resultam da melhor forma: quando é em demasia, o fio condutor fica logo difuso e a história incaracterística.
Mas em Efter brylluppet tudo gira em torno de uma questão central e os acontecimentos paralelos apenas servem o propósito da história, claramente identificável.
Um missionário idealista dinamarquês a trabalhar num orfanato na Índia, tem que viajar ao seu país em busca de fundos para continuar o financiar o seu projecto, mas uma coincidência daquelas em que o cinema é pródigo, leva-o a repensar todo o propósito da sua vida.
Efter brylluppet é um filme que mostra como podemos ficar divididos entre dois mundos de que gostamos, como as pessoas podem ter a sua importância de formas muito diferentes, como as surpresas que acontecem na vida aparecem sem pedir licença e mudam o curso dos acontecimentos num abrir e fechar de olhos.
A minha atenção pelo trabalho de Mads Mikkelsen surgiu com A Caça (Jagten, 2012). Já o tinha visto em 007 – Casino Royale (Casino Royale, 2006), mas foi com A Caça, e agora com este Efter brylluppet que posso começar a formar uma opinião muito positiva do cinema em que tem participado.

Uma vez que não tenho tempo para ver todo o cinema de que gostaria, vou tentando ver “um pouco de tudo” (menos idiotices, claro), e o cinema nórdico é mais um género de que tenho gostado, embora conheça pouco. Para além de Ingmar Bergman e Lars Von Trier, vi mais três ou quatro filmes e, provavelmente por ter tido alguma sorte na escolha, nenhum me desiludiu.
Este filme é uma sólida contribuição para isto mesmo.

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