O Fantasma Apaixonado

O mito do amor eterno dá o mote a um dos mais belos filmes românticos: O Fantasma Apaixonado (The Ghost and Mrs. Muir).
Uma das mais belas obras de Joseph Mankiewicz (de 1947), ocorre na fase ascendente do realizador, que imprimiu ao filme toda a magia do cinema.
Simples, ou aparentemente simples, com a sensibilidade do trabalho de câmara posta ao serviço da história. Da magnífica fotografia à bela banda sonora, do trabalho de realização à “simplicidade” do argumento, tudo contribui para transformar em ouro um trabalho que, noutras circunstâncias, não passaria do mediano. Mas o que mais ressalta é a experiência e a excelência que Gene Tierney e Rex Harrison imprimem à história: aqui se vê como o artista pode fazer uma história… é um filme romântico, não mais do que isso, mas a aparente introversão interpretativa é também o que faz desta obra uma delícia.

Uma viúva e a filha vão viver para uma casa de praia na Inglaterra Vitoriana, casa essa assombrada por um fantasma. Conhecem-se, dão-se mal, dão-se bem, ela conhece outro... a colaboração entre os dois prolonga-se pela vida dela (e pela morte dele) num tempo infinito de tensão, empatia, orgulho, amor...

E o final… só o imaginário do cinema permite tal desfecho, porque o cinema é também isso: uma sucessão de sonhos feitos realidade na tela nostálgica de uma sala de projecção.
O Fantasma Apaixonado sobreviveu ao tempo, às modas, aos movimentos, porque uma simples história de amor bem contada pertence a todas as épocas, a todos os lugares, a toda a gente… o cinema apenas une as pontas, e permite sonhar…

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