(Re)descobrir a vida em cada pequena experiência


Revisitar aquilo de que gostamos pode ser enriquecedor.
Voltar a ler um livro, visitar um local, ver um filme, … pode constituir uma experiência muito gratificante. Nada disto tem que ver com saudosismo ou com a reprodução de sensações passadas. Até porque se, ao experimentarmos algo uma segunda vez, estivermos à espera de reproduzir as sensações da primeira, muito provavelmente sairemos desiludidos.
Uma segunda experiência (e uma terceira, …) pode ser muito, mas muito rica mesmo. Há filmes que são uma alegria rever (e não estou a falar apenas na Música no Coração). Livros, locais, pessoas, … repetir experiências… ou melhor, descobrir sempre coisas novas em cada novo contacto, em cada revisão de algo que experimentámos antes é algo fantástico.
Muitas vezes, temos que deixar passar o tempo necessário para que a curiosidade e a vontade ganhem força, mas, uma vez atingido tal estado de permissão, o que podemos receber de voltar é incomparavelmente maior.

Para ilustrar tudo isto, procurei livros e filmes (já que encontros com amigos, passeios de fim de tarde ou visitas a locais agradáveis eram mais difíceis de materializar online) que me tenham dado cada vez mais prazer revisitar ao longo dos tempos.
Pensei em referir vários, fazer uma lista, … mas achei mais significativo centrar-me numa obra. Sem surpresas, To Kill a Mockingbird é essa obra (Por Favor, Não Matem a Cotovia – o livro na versão portuguesa; Na Sombra e no Silêncio – o filme em português).
Não repetirei nada do que escrevi antes sobre a obra. Nem sequer me alongarei muito sobre a mesma. Apenas mostrarei uma cena do filme que, por si só, é ilustrativa do porquê eu querer revê-lo de tempos e tempos. Pouco significará para quem não conhece, mas para quem viu (ou leu), decerto reconhecerá os traços da melhor humanidade presente numa história tão rica e, ao mesmo tempo, tão simplesmente inocente…

http://www.youtube.com/watch?v=oaVuVu5KXuE&feature=relmfu

Li o livro duas vezes e vi o filme duas vezes.
Tenho a certeza de que o verei, e lerei, pelo menos outras tantas.
O que descubro numa obra, e em mim, de cada vez que a revisito, é a prova (se tal fosse necessária), de que podemos mudar. De cada vez que revejo um filme, não sou exactamente a mesma pessoa de outrora, mas ligeiramente diferente… passou vida no entretanto, e essa vida contribuiu para o acréscimo de influência que se materializou no agora, em que revejo o filme. E é esta nova pessoa que revê uma obra que, objectivamente é a mesma, mas que, por chegar até mim filtrada por aquilo que (de novo) sou, não será nunca dissociada do modo que aquilo que sou vê aquilo que foi feito.

Comentários