O outro lado da linha


Do outro extremo da linha, vi, este fim-de-semana o mar do lado contrário ao habitual. Há muito que não viajava para ali de comboio.
Daquele lado, o Atlântico é mais Atlântico, o pôr-do-sol está mais perto, a baía convida o comboio a estacionar para uma visita mais ou menos prolongada.
A cor do céu e do mar é tristemente bela neste fim de tarde. Vi as nuvens dissolvidas num horizonte cinzento-alaranjado, a superfície da água numa calma a perder de vista… o quadro ideal para largar os pensamentos na tranquila grandiosidade da paisagem de fim de tarde.
Entro, sem pedir licença, no mundo das recordações que a imagem que percorre a janela onde encosto o olhar não consegue interceptar.
No Monte, a paisagem é mais bela, e até Cascais, é uma a beleza permanece… os barcos, descansam tranquilamente sob o lençol de água. Penso na beleza que observo e como ela não perde o efeito neste momento.
Vejo o meu local de corrida de eleição, junto ao mar… como tudo muda perante a perspectiva com que observamos a vida em que nos movemos. Vejo-me a correr e como parece diferente visto de fora… de cima… em perspectiva. Sei o que penso quando corro, mas visto do comboio, sou apenas mais um corredor.

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