O Tempo

"Tantas vezes imagino, e chego mesmo a acreditar que a passagem do tempo não é linear, da forma como nós a pensamos, a vivemos, acreditamos. O tempo não corre à mesma velocidade para toda a gente. Nem mesmo para uma pessoa ele corre sempre da mesma forma. Fará por isso sentido que ele seja uma inevitabilidade abstracta que venha do Passado para o Futuro, intersectando a nossa vida neste ponto da eternidade a que chamamos Presente? Não a mim.
Imagina que existe apenas o momento que vivemos. Tudo o que existe, existiu e existirá nos acompanha no Presente que é o único ponto que acontece. O Passado deixou de existir assim que entrou no Presente, tal como o Futuro desapareceu assim que o Presente o apanhou. Tudo é Presente. Se assim não fosse, poderíamos viajar no tempo, mas não o fazemos… apenas acedemos ao passado através da memória e ao futuro através dos sonhos. Por muito que eu queira forçar a que o mundo tenha esta existência poética, é-me insuficiente considerar a existência de um Passado ou de um Futuro baseado em sonhos e memórias.
Só há Presente!
Tudo o mais são ilusões, modelos que construímos para nos ajudar a interpretar o que há. A linha do tempo não passa de um ponto Presente que nos acompanha eternamente. A memória é uma projecção de algo que já não existe e o sonho aquilo em que gostaríamos que o Presente se tornasse.
É fantástico como o tempo tem o seu ritmo…"


De uma obra sem título e eternamente inacabada

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