While (me and) my guitar gently weep

Terminada o ano cinematográfico, não me vou alongar muito sobre os premiados, até porque, em geral, foram bastante previsíveis (embora, este ano, tal não fosse mau): “O Artista” e “Uma Separação” foram os melhores, como esperado, tal como as 4 interpretações (todas elas merecidas, diga-se, embora eu tivesse uma leve esperança que Jessica Chastain pudesse ter vencido).

Aproveitei o dia seguinte (tirei férias) para dar continuidade à minha (ainda) curta aprendizagem de guitarra. Não sei ainda se é sol de pouca dura… o que sei é que estou a ficar com as pontas dos dedos feitas num oito! É assim como se eu resolvesse descascar ananás, mas sem faca… ou como se resolvesse parar uma rebarbadora com o atrito dos meus dedos! Até agora, ao escrever este texto, cada vez que um dos 3 magníficos sacrificados da mão esquerda tocam o teclado, é como se estivesse no dentista a levar uma injecção directa no nervo!
E ainda só esbocei 4 notas! Um estupor de um Dó, um Ré (o mais…. lixado), um Sol, e hoje foi o Mi. Por este andar, quando chegar à última, já não tenho dedos, mas estou todo contente porque sei o Dó, Ré Mi!!!
Mas não é só sofrimento: há alguns méritos no processo. Desde logo, aproveitei para rever, sem qualquer esforço, todo o meu repertório de português vernáculo. Creio mesmo que acrescentei alguns neologismos à Língua Portuguesa (antes do acordo ortográfico, claro). Depois, tenho alguma esperança aprender alguma coisa, por mais lenta que seja a aprendizagem. E por último, acaba por ser um desafio, uma vez que detesto a aprendizagem sistemática: prefiro aprender de modo natural, como acontece com a leitura de um romance, um filme, uma conversa, … mas detesto estudar, praticar, exames … mas neste caso, até me dá algum gozo, e todos os dias, durante todo o dia, me lembro da minha guitarra… quando pego na carteira para mostrar o passe ao revisor e me doem os dedos, quando pego numa caneta para escrever e me doem os dedos, quando escrevo algo no PC e me doem os dedos, quando pego nos talheres para comer e me doem os dedos… é capaz de ser já uma fixação!

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