Gene Wilder - o incorrigivel carinha de anjo

Pelo facto de a comédia não se um género de cinema que normalmente me encha as medidas, consigo isolar os filmes que foram marcando. São poucas as comédias de que posso dizer que gosto sem hesitações. Não sei se pelo facto de muitas das comédias que vão para os cinemas não passarem de uma colecção de situações mais ou menos idiotas a puxar um riso de circunstância (em detrimento de uma boa história), a verdade é que me fui tornando exigente com este género.

Há no entanto (pelo menos) um artista por quem, desde que vi um determinado filme, passei a nutrir uma simpatia especial: por ter visto o filme enquanto criança ainda, pela situação caricata que a história retrata, por me ter introduzido à música de Stevie Wonder (venceu o Óscar de Melhor Canção Original), e pela cara de “bebé-pateta” do personagem principal, que tem azar até quando pretende prevaricar. E nem é um filme que esteja bem cotado junta do público ou da crítica. Falo de A Mulher de Vermelho (The Woman in Red, 1984) e do grande intérprete que é Gene Wilder.
Vi apenas 3 filmes com Gene Wilder e, embora todos eles contenham um tipo de humor diferente, todos possuem aquela expressão assumidamente ridícula que o protagonista imprime às personagens a que dá corpo.

Em A Mulher de Vermelho, é a situação em que Teddy se encontra que dá o mote para uma série de azares que terminam de um modo curioso.
Em Cegos, Surdos e Loucos (See no Evil, Hear no Evil, 1989), Gene Wilder é um surdo que, juntamente com Richard Prior, um cego, testemunham um crime. A polícia persegue-os por pensar que são os culpados. Os assassinos perseguem-nos para os silenciar. O resto constitui um grande momento de cinema (mais reconhecido pelo público).
Frankenstein Júnior (Young Frankenstein, 1974), traz-nos o neto do célebre Doutor Frankenstein, que, embora de início renuncie ao seu antepassado (assume-se pateticamente como “Fronkenstin”), acaba por retomar o trabalho da família e dar vida a um ser através da reanimação de um defunto. Muito bom.

A ideia de que as estrelas também envelhecem chocou-me quando constatei que Gene Wilder faz 79 anos este ano! No entanto, continua com a mesma expressão "ridiculamente simpática" (e deve ser um privilégio não perder tal expressão com a idade).
Gene Wilder é, para mim, um dos poucos comediantes inteligentes, talentosos e, simultaneamente “anti-estrela” que o cinema captou nos últimos 40-50 anos.

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