Ainda os feriados

Aboliram 4 feriados e a tolerância de ponto no Carnaval!
Tenho pena de não celebrar com pompa e circunstância a Implantação da República, como faço todos os anos com tanto fervor...

Fora de brincadeiras, se dependesse de mim, não cortaria qualquer feriado (tínhamos mais do que a média da EU mas não éramos o país com mais feriados: uma média é isso mesmo, uns têm mais e outros menos… nem todos podem ter menos do que a média!): colava-os aos fins-de-semana, mesmo os que calhassem ao sábado ou ao domingo (tirando o Domingo de Páscoa, o Natal e o Ano Novo, por motivos óbvios). Garantiríamos o gozo dos 12 dias (11 feriados mais a 3ª feira de Carnaval, com a possibilidade de acrescentar o Natal e Ano Novo (no caso de serem em dias úteis). O Domingo de Páscoa seria o único feriado “perdido”, como de resto já acontece.
Só ficaríamos a ganhar e não haveria interrupções excessivas a meio de períodos onde não seria suposto, com todas as implicações no que respeita à (quebra de) produtividade que tal implica.

Ninguém quis (e foram vários os governos a falar na ideia).

O argumento transversal a todas estas “forças de bloqueio” é o de que um feriado celebra um acontecimento que ocorreu numa determinada data e, como tal, não faz sentido celebrá-lo numa data diferente.
Para a maioria dos portugueses um feriado é apenas mais um dia em que não se trabalha. Ninguém se escandaliza ao celebrar o aniversário no fim-de-semana seguinte. Porquê ser tão rigoroso com os feriados? Outros países fazem-no (exceptuando o Natal e Ano Novo) e com menos feriados do que nós.
Como não quiseram (ou deverei dizer: “não quisemos” ?), levamos com o plano B, que, como todos os planos B, são piores que os planos A: cortaram-nos, pura e simplesmente, feriados.

Compreendo que se discuta quais os que devem ou não sair, até porque não percebi se os portugueses dão mais importância a um feriado pelo que representa historicamente ou pela tradição que carrega (leia-se Restauração da Independência versus Carnaval, por exemplo: o primeiro, muito mais importante para a História de Portugal do que o segundo, mas sem qualquer tradição ou festividade associada).
Quanto a resolver o problema da falta de produtividade, não é esta medida isolada que o vai fazer, mas: são todas as medidas articuladas que ajudam a resolver o problema (invocar esta medida de per si é demagogia). Dito isto, se há países com mais feriados do que nós e mais produtivos, o problema não está nos feriados… por isso, mais do que contribuir para o aumento da produtividade, esta medida é muito mais visível ao tornar o custo do trabalho mais baixo (trabalhamos mais 4 dias auferindo o mesmo vencimento… se não o cortarem…).
A respeito dos feriados religiosos em Portugal, porque é que quem apregoa a laicidade do Estado Português não tem coragem de exigir, taxativamente, o fim dos feriados religiosos? Quando dá jeito, atacam a Igreja, quando toca de ter mais uns dias de férias, os feriados religiosos já são uma tradição cultural importantíssima que não se pode perder!
Sobre o Carnaval, pelo menos uma coisa foi mal feita: o facto de a medida ter sido anunciada para este ano. Com tão pouca antecedência, muitos investimentos haviam já sido feitos. Não ficaria mal anunciar esta mesma medida com efeito a partir de 2013. Quanto aos municípios mais “prejudicados”, há formas de atenuar o impacto negativo na economia local (mudar o feriado municipal para a 3ª feira de Carnaval, festejar o Carnaval em 2 fins-de-semana seguidos, por exemplo). Não anula o impacto negativo mas reduz o efeito.

Continuo convencido de que a primeira ideia era melhor do que perdermos 5 dias de descanso (incluindo o Carnaval).

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