O Nome da Discórdia

Há uns 15 dias vi O Nome da Discórdia (Le Prenom, 2011). Tendo ido mais pelo cinema do que pelo filme, fiquei agradavelmente surpreendido com o nível da comédia que vi.
A obra é uma peça de teatro-comédia genial, muito fielmente adaptada ao cinema (parece-me: nunca vi a peça). Se os primeiros 10 a 15 mins de filme enrolam um pouco, assim que somos apanhados na (pela?) história, e percebemos em torno de que é que o enredo se desenvolve, foi rir até ao fim. E mesmo o que parecia ser não o é, porque o filme traz sempre mais, surpresas e não surpresas, mas muito mais nos é mostrado do que o “simples” nome.
Dois casais e um amigo reúnem-se para um jantar caseiro, no que tudo tinha para ser uma noite tranquila. Ao anunciar que um bebé vinha a caminho, a novidade leva à excitação de todos, mas quando é anunciado o nome escolhido para a criança começa uma autêntica carnificina onde a hipocrisia estende a passadeira à mais brutal sinceridade.
Todos sentem a adrenalina a abafar os imperativos sociais (e até morais), e nem o amigo suíço, sempre escudado na cobardia da falsa neutralidade diplomata escapa ao turbilhão que o “inocente” nome da criança provocou.
Embora versando sobre um tema diferente, O Nome da Discórdia fez-me lembrar O Deus da Carnificina (Carnage, 2011) de Polanski. Talvez até mais fluído no enredo (e tão bom um como o outro no que respeita às interpretações), O Nome da Discórdia é um óptimo exemplo de bom cinema europeu comercial (4 palavras que raramente aparecem juntas).

PS: Não chegando ao extremo de escolher um filme pela sala de cinema em que ele está em cartaz, há salas de que gosto mais do que outras.
A sala onde vi este filme é a minha preferida, não só pelos filmes que lá passam mas também pelo ambiente que tem: pouca (muito pouca) gente, nem todos amantes de cinema (muitos são reformados), mas é um bom sítio para apreciar cinema. Quando lá vou, sou mais condescendente com a escolha dos filmes: há filmes que admito ver lá e não admitiria ver numa sala Lusomundo, Castelo Lopes ou Cinema City, por exemplo. Mesmo comparando com as salas da Medeia (também do Paulo Branco), esta consegue ser(-me) mais agradável
E curioso é também o facto de não gostar de lá ir em grupo (nunca o fiz, nem quero). Creio que o local que melhor se lhe compara (neste sentido) é a Cinemateca, mas esta fica mais perto.

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