Billy Wilder


Billy Wilder foi um dos realizadores mais importantes do cinema americano do século XX. Nos anos de ouro do cinema, as décadas de 40 e 50, Billy Wilder ajudou a construir esses “anos dourados”.
Austriaco, Billy Wilder dizia com uma subtil ironia, que "os austríacos eram o povo mais inteligente que existia: fizeram o resto do mundo acreditar que Beethoven era austríaco e que Hitler era alemão”. Essa ironia passou para muitos dos seus filmes, tendo o próprio um papel importantíssimo na execução dos mesmos: era argumentista de praticamente todos os seus filmes tendo sido nomeado por 12 vezes nesta categoria (e vencido por 3 vezes).
Possuidor de uma versatilidade que poucos realizadores alguma vez alcançaram (o caso mais recente talvez seja o de Steven Spielberg, que vai do Drama ao cinema de Aventuras, passando pelo cinema Histórico). Mas no único género onde Spielberg não se aventurou, e muitos consideram-no o género mais difícil e arriscado para um realizador de prestígio, Wilder foi mestre: a Comédia.
Do Filme Negro à Comédia, do Drama à Comédia Romântica, passando pelo Cinema Histórico, Billy Wilder tinha o Toque de Midas: transformava em ouro tudo aquilo em que tocava.
Pagos a Dobrar (Double Indemnity, 1944) é um dos expoentes do Filme Negro americano. Era o filme que Alfred Hitchcook gostaria de ter realizado (nas palavras do próprio). Farrapo Humano (Lost Weekend, 1945), deu-lhe os primeiros 2 óscares (Realização e Argumento), e foi um dos primeiros filmes a levantar explicitamente o problema do alcoolismo. Billy Wilder era assim: arriscava. E se tal nem sempre lhe trazia o conforto imediato, o tempo encarregou-se de lhe fazer (ainda mais) justiça. O seu melhor filme é disso exemplo.
O Crepúsculo dos Deuses (Sunset Blvd., 1950) foi vilipendiado pela Industria cinematográfica. O regresso ao estrelato da antiga estrela do cinema mudo Norma Desmond (brilhantemente interpretado pela também antiga estrela do cinema mudo, e entretanto caída em desgraça, Gloria Swanson), pôs a nu o lado mais negro do estrelato. O filme foi mal recebido, embora tenha obtido 11 nomeações: valeu o 3º óscar a Billy Wilder pelo brilhante argumento:

Joe Gillis: You're Norma Desmond. You used to be in silent pictures. You used to be big.
Norma Desmond: I am big. It's the pictures that got small.

O Inferno na Terra (Stalag 17, 1953), um filme cuja acção se desenvolve totalmente num campo de concentração mostra a importância de uma boa realização e um bom argumento num filme: uma obra que facilmente se poderia tornar banal transforma-se, nas mãos de Billy Wilder, numa obra-prima.
As incursões pela comédia, romântica ou nem tanto, são a prova de que Wilder conseguiu ser muito bom em muitos géneros: Sabrina (Sabrina, 1954), Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959), uma das melhores comédias de sempre, e O Apartamento (The Apartment, 1960), com o qual recebeu os óscares para Filme, Realização e Argumento, “apenas” confirmam a mestria deste realizador.
Alguns filmes de Billy Wilder parecem enganadoramente simples, mas também isto é uma arte: construir uma boa comédia deve ser das conquistas mais difíceis em cinema, tal é a facilidade com que se cai no banal ou no brejeiro; construir um bom drama e elevá-lo acima da restante multidão de filmes do género, onde existem muitos muito bons é uma arte; realizar um filme de suspense que, num instante se transforma num filme de culto e num dos ícones de um género é uma arte. É por tudo isto que Billy Wilder é um enorme artista.

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