Plan 9 From Outer Space

Há muito que tinha alguma curiosidade em ver aquele que foi ganhando o rótulo de “pior filme de todos os tempos”, realizado pelo pior realizador do mundo: Edward D. Wood Jr.
O filme, realizado em 1959, chama-se Plan 9 From Outer Space, e, em português, a cretinice começa logo pela tradução do título: Plano 9 do Vampiro Zombie! Provavelmente o título foi atribuído já depois do filme se ter colocado na posição dianteira dos piores, como que “para bater ainda mais no ceguinho deixa cá dar um título idiota”… mas isto é apenas suposição minha.
A verdade é que o filme é tão mau que tenho vontade de o considerar bom, não só por “pena” mas também por ser um representante de um género de que vou gostando cada vez mais: a ficção científica/fantástico/terror de série B que, nos anos 50, se tornou num género de culto.
Sem ter visto muitos, vi alguns dos que são considerados os melhores da época (e alvo de inúmeros remakes): A Ameaça (The Thing (From Another World), 1951), O Dia em Que a Terra Parou (The Day The Earth Stood Still, 1951), O Monstro da Lagoa Negra (Creature From The Black Lagoon, 1954), A Terra em Perigo (Invasion Of The Body Snatchers, 1956), O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1956). Qualquer destes cinco filmes é bom (ou muito bom) em diversos aspectos: pela inovação técnica que trouxeram, pela imaginação que as suas histórias comportam e pelo modo como conseguem prender o espectador, mesmo passados mais de 50 anos, e por terem criado um género e terem ganho o estatuto de “clássicos”.
Plano 9, tem tudo isso, mas em mau: é um filme que rebenta a escala pelo fundo. Se eu esperava um mau filme, confirmei a minha expectativa (mas não é o pior que já vi: considerar este filme o pior de todos os tempos é um tanto exagerado, sobretudo perante muita da parvoíce que se faz actualmente).
No filme Ed Wood (Ed Wood, 1994), de Tim Burton, Johnny Depp representa o sonhador e lunático realizador amaldiçoado. Embora eu tenha adorado este filme, fiquei sempre na dúvida se não teria algum exagero: verifiquei que mesmo os aspectos mais patéticos eram verdade!
Num dos primeiros plano de Plano 9, vemos um disco voador… e vemos também o fio pelo qual ele está pendurado!!! De resto, todos os discos voadores se deslocam aos solavancos, movimento conferido pelo balançar do fio…
A morte do actor Bela Lugosi durante a rodagem do filme, quando este tinha apenas filmado meia-dúzia de cenas, levou o realizador a substitui-lo por um outro actor, em cujas cenas aparece com uma capa a tapar-lhe o rosto dos olhos para baixo, para que o público não reconhecesse a diferença!!! Muito mau! É certo que era um zombie, mas tanto…
Depois, há uma actriz cujo nome artístico é “Vampira” (mais palavras para quê?)
A narração (penso que a cargo do próprio Edward D. Wood), é tão má, mas tão má, que nem para um filme animado serviria.
Por fim a história: seres extraterrestres tentam estabelecer contacto com os governos da Terra, mas como são corridos a tiro, resolvem ressuscitar os mortos para mostrar do que são capazes. O objectivo era o costume: uma mensagem pacífica. Se os humanos chegaram até à bomba atómica, o passo seguinte seria a “solaronite”, uma forma de fazer explodir as “partículas dos raios de sol”. Querem assim impedir os terrestres, que conseguiram desenvolver armas demasiado avançadas para a sua compreensão da violência, de chegar a tal feito, nem que para isso tenham que destruir a Terra.
A história até poderia ter algum potencial se, musicalmente falando, tivesse outros arranjos.
De qualquer forma, é um filme que, de tão mau, dá vontade de rir. Este filme “abriu-me o apetite” para uma série de outros títulos de ficção-científica dos anos 50 (de série B ou não), que irei ver ainda estas férias.

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