Continuando a onda reaccionária


O presidente do grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, disse no fim-de-semana passado algo como “Sou contra os salários baixos: um trabalhador que recebe 500 euros por mês não pode ir trabalhar satisfeito e ter trabalhadores desmotivados não é bom para as empresas.”.
O presidente da associação de proprietários, a respeito da nova lei das rendas disse algo como “Esta lei não é boa para nós porque, havendo a possibilidade das rendas subirem muito para determinado tipo de inquilinos, já estando com a corda na garganta, vão deixar de pagar e portanto, as rendas vão baixar e, devido à concorrência, continuarão a baixar.”

Nenhum destes senhores disse isto com estas palavras, mas a ideia foi esta. Belmiro de Azevedo fez declarações que em maior ou menor escala, vão nesta linha.
Quer num caso quer no outro, estas “opiniões” demonstram uma tremenda hipocrisia e um oportunismo inacreditável em cavalgar na onda do descontentamento.
A incoerência destes senhores é total: toda a vida preconizaram o contrário do que agora vêm defender, mas não é por altruísmo ou por solidariedade social. Antes fosse…
Apenas porque o perigo real e imediato de pobreza de uma parte não desprezível da população começa a afectar os negócios pelos quais estes senhores dão a cara é que eles vêm agora com esta conversa.
Não vou fazer mais juízos: apenas constatar que os motivos pelos quais estes senhores são agora elogiados pela população (estas declarações) exemplifica o mundo de enganos em que vivemos.
Em absoluto, é bom fazer e defender o “Bem”. É pena é alguns fazerem-no apenas quando lhes convém.

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