Acção nos óscares?


Vi recentemente dois filmes que poderão marcar a diferença este ano: por serem filmes de acção que se arriscam a que os óscares se cruzem no seu caminho (nem que seja apenas nas nomeações).
Embora seja ainda muito cedo para falar de óscares, Argo (Argo, 2012) e 007 - Skyfall (Skyfall, 2012) são dois filmes muito bons para o género. Diferentes dos nomeados clássicos (que normalmente vão do drama à comédia moralmente bem intencionada) e diferentes entre si, ambos têm alguns ingredientes para o sucesso.

Argo situa-se entre o thriller político e o filme de espionagem clássico. A crise dos reféns do Irão entre 79-80 deu o mote a Ben Affleck para demonstrar mais uma vez que é muito melhor realizador do que actor, e neste filme até nem está mal no papel do agente da CIA Tony Mendez. Se a gestão da fracassada libertação dos reféns na embaixada americana em Teerão não era um motivo muito nobre do ponto de vista norte-americano, Affleck centrou-se no único aspecto que correu bem: a história verídica da missão bem sucedida para salvar 5 trabalhadores da embaixada que haviam conseguido escapar e refugiar-se na residência do embaixador do Canadá. Uma vez que o filme não inventa no que é essencial (há personagens inventadas mas apenas para enriquecer a história e não para glorificar algo que não aconteceu), é muito credível no enredo e seguríssimo na realização: os 10 a 15 minutos de suspense quase-finais são notáveis pese o facto de todos sabermos o desfecho.
E se em alguns momentos o filme parece cair no usual amor à bandeira e no estilo God Bless America, nunca estes clichés se aguentam mais do que uns breves segundos, para bem da história.

Skyfall traz um Bond novo: mais história, personagens mais trabalhadas, mais personalizadas e muito menos estereotipadas, menos efeitos especiais e a ausência de uma Bond Girl!
Continuando a contar a história do início da carreira de James Bond, como já havia acontecido em 007 – Casino Royale (Casino Royale, 2006), os filmes com Daniel Craig trazem um Bond mais duro e sombrio e por isso muito menos charmoso: mais “agente secreto”. O oposto de Pierce Brosnan, portanto. Devo dizer que, embora antagónicos, gosto muito destes dois Bonds, cada um no seu estilo. E se com Pierce Brosnan adorei 007 - Goldeneye (Goldeneye, 1995), os outros três filmes que fez foram medíocres (de tal forma que, olhando para eles hoje, não os distingo). Este filme, é um dos que mais gostei da série. Também pelo argumento: e não é que a trama seja muito rebuscada: é pelo trabalho em torno dos personagens e pelo enquadramento que fornece para tudo o que conhecemos da série mais longa da história do cinema.
Para além disso, há a aparição, várias décadas depois, do DB-6 que, nos anos 60 era o último grito da tecnologia desportiva de luxo.

Dois filmes que devolvem ao género “Acção” a seriedade que permite constatar por vezes que é possível fazer grandes filmes de entretenimento que sejam isso mesmo: grandes filmes.

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