Another Earth



Um filme diferente, muito indie, com um tema que já deve ter passado pela imaginação de meio mundo: e se existisse um outro planeta igual à Terra, com as mesmas pessoas e os mesmos acontecimentos?
Mas desengane-se quem pense, por estas palavras, que o filme caia na banalidade de realidades alternativas e sequências de acção-comsequência ou efeito-borboleta. Another Earth (2011) é bem superior: porque conta uma história muito terrena em paralelo com a crescente histeria mundial que o contacto com a outra Terra (a Terra número 2 – curiosa definição se ambos os planetas são iguais).

Às sempre interessantes e enigmáticas questões como O que aconteceria se encontrássemos o outro eu?, O paralelismo da história dos dois planetas seria quebrado no momento da primeira interacção entre os habitantes de uma e da outra Terra? ou O medo que nos causa contactar com alguém que está exactamente no mesmo ponto do que nós (em vez de nos provocar alegria), junta-se uma história de dor, perda e redenção. Uma história que se desenrola num cenário semi-apocaliptico, onde o abismo para o desconhecido está a um passo, mas, provavelmente o verdadeiro abismo não está no Espaço Exterior mas nas nossas mentes, nas nossas vidas e na forma de resolver o trauma que por vezes entra violentamente sem pedir licença.
E como resolver o que de menos bom a vida nos proporciona? Será a fuga para a Outra Terra a solução? E qual será a outra Terra?

Visto através de uma panóplia de filtros em tons de azul, e onde o anoitecer e o amanhecer são uma constante, como se a realidade não fosse preto ou branco, noite ou dia, mas nos oferecesse um palco em diferentes tons crepusculares, onde existe sempre uma outra forma de olhar para os problemas, onde ajudarmos os outros é também uma forma (egoísta?) de nos ajudarmos a nós mesmos, e onde, em algum momento da vida, temos sempre algo de que fugir, seja neste planeta ou noutro qualquer… nem tudo pode ser resolvido premindo um botão.
Muito indie e muito bom.

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