Tesouros Escondidos


Descobri que tenho tesouros escondidos em casa. Muitos.
Resolvi tirar a tarde de ano novo para ver um filme estupidificante, em consonância com a dormência cerebral que caracteriza sempre o período menos inconsciente do primeiro dia do ano: A Rapariga do Calendário (Calendar Girl, 1993), um filme tão parvinho que nem me deu vontade de desistir: em 1962, três amigos, fãs de Marylin Monroe, decidem que têm que conhecer a diva e partem numa viagem até LA para concretizar o sonho. Devia ter sido um "filme teenager" da altura ou não fosse com uma das estrelas da série Febre em Beverly Hills, Jason Priestley.
Imbuído desta boa disposição de plástico, resolvi organizar a minha videoteca, de acordo com géneros diferentes dos que eu havia considerado aquando da última arrumação, há 4 anos quando me mudei: os meus gostos mudaram e a disposição dos filmes deve estar de acordo com essa alteração: "Cinema Europeu" e "Cinema Independente" ganharam o direito a uma classificação própria, a juntar-se aos "Clássicos", "Dramas", "Comédia/Musical", "Documentários" e "Outros".

No meio redescobri grandes obras (potencialmente grandes obras porque não as vi).
Da fantástica colecção de O Público, que juntei há uns dois anos, vi Close-Up (Nema-ye Nazdik, 1990), um filme iraniano de Abbas Kiarostami com uma história muito curiosa, Tempo de Amar (Minnie and Moskowitz, 1971) de John Cassevetes, Van Gogh (Van Gogh, 1991) sobre os últimos dias da vida do pintor holandês e Encontro (Rendez-Vous, 1985) de André Techiné, entre outros. Vi também O Rei e Eu (The King and I, 1956) um dos grandes musicais de Rodgers e Hammestein com o grande Yul Breyner e a belíssima Deborah Kerr, Intervenção Divina (Yadon ilaheyya, 2002) de Elia Suleyman ou Yella (Yella, 2007)… filmes que por um motivo ou por outro (referências históricas, opiniões de amigos ou de críticos ou simplesmente ter gostado do título, da sinopse ou ter sido premiado em algum festival que me agrade), adquiri mas que nunca tive vontade de ver. Aguardam o momento certo mas, se nem todos serão do meu agrado, pelo menos continuarão a enriquecer o meu gosto pelo cinema e de certeza que abrirão o caminho para novos realizadores, actores e géneros (ou sub-géneros).
É assim que tem sido construído o meu interesse pela 7ª Arte: umas vezes são os grandes filmes que me atraem, outras o mood está direccionado para um cinema mais fora do mainstream. Mas é todo o cinema que me fascina, porque, se um filme é bom, tem de certeza espaço na minha vida e o tempo que dispenso para o ver, é de certeza tempo ganho.

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